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sexta-feira, 13 de junho de 2014

PASSEIO SOCRÁTICO


Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz nos seus mantos cor de açafrão.
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos dependurados em telefones celulares; mostravam-se preocupados, ansiosos e, na lanchonete, comiam mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, muitos demonstravam um apetite voraz. Aquilo me fez refletir: Qual dos dois modelos produz felicidade? O dos monges ou o dos executivos?
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: “Não foi à aula?” Ela respondeu: “Não; minha aula é à tarde”. Comemorei: “Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir um pouco mais”. “Não”, ela retrucou, “tenho tanta coisa de manhã...” “Que tanta coisa?”, indaguei. “Aulas de inglês, balé, pintura, piscina”, e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: “Que pena, a Daniela não disse: ‘Tenho aula de meditação!’”
A sociedade na qual vivemos constrói super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas muitos são emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram que, agora, mais importante que o QI (Quociente Intelectual), é a IE (Inteligência Emocional). Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!
Uma próspera cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: “Como estava o defunto?”. “Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!” Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi¬nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…
A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é ‘entretenimento’; domingo, então, é o dia nacional da imbecilidade coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: “Se tomar este refrigerante, vestir este tênis,¬ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!” O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba¬ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma su-gestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globocolonizador, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer de uma cadeia transnacional de sanduíches saturados de gordura…
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: “Estou apenas fazendo um passeio socrático.” Diante de seus olhares espantados, explico: “Sócrates, filósofo grego, que morreu no ano 399 antes de Cristo, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.”

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Luis Fernando Veríssimo e outros, de “O desafio ético” (Garamond), entre outros livros.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Doce de Teresa
1º Lugar, IV Prêmio Escriba de Contos, Secretaria Municipal de Ação Cultural de Piracicaba, SP
Menção Honrosa, Prêmio Cataratas de Conto, Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, PR
3º Lugar, Grande Concurso de Poesia e Prosa, Taba Cultural Editora, Rio de Janeiro, RJ
1º Lugar, Prêmio Cidade de Blumenau, Sociedade dos Escritores e Fundação Cultural de Blumenau, SC
1º Lugar, X Concurso de Contos José Cândido de Carvalho, Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, RJ
Menção Honrosa, XXXI Concurso de Contos Abdala Mameri, Academia de Letras e Artes de Araguari, MG
2º Lugar, Concurso Literário Açoriano de Contos e Poesias, Prefeitura Municipal de General Câmara, RS
Menção Honrosa, V Concurso de Contos Tristão dos Valles, Associação de Escritores de Bragança Paulista, SP

Teresa, não. As outras, não sei, mas ela, com certeza, não. Nunca reclama. Parece um
doce que não desanda. Sentada na varanda de sua casinha modesta, mas limpinha,
casinha branca de janelas azuis, tão de brinquedo que parece uma pintura. Florezinhas
plantadas em latas de óleo vazias, um gato malhado que dorme no primeiro degrau.
Borboletas voando que estalam as asas, feito quem diz: “Ai, que bom viver! Ai, que
delícia!”. Ali não é um lugar, é uma lembrança de infância.
Será por isso que os filhos nunca aparecem? Nem para as festas? As comadres falam
“que absurdo!”, e outras exclamações cheias de vogais. Teresa, não. Nunca reclama.
Ao invés, faz mais doces, mais e mais. E tão difícil que é, veja só: num fogão de lenha!
Tem que catar graveto, que ela não tem dinheiro para encomendar lenha já cortada,
como a vizinha Salete, aposentada do Correio. Que quê tem? Graveto dá no chão,
graveto dá de graça. É só pegar.
Teresa pega as coisas do ar. Com seus olhinhos de jabuticaba, só faz sonhar. Por isso
que a vida não dói. Fazendo beiradas de paninhos de copa, vai cabeceando,
cabeceando até cochilar. Entra no sonho, toma um sorvete com o primeiro namorado,
brinca de roda com as amigas de longas tranças, banho de rio, rouba goiaba e faz doce
de tacho... Acorda com o cheiro do doce de verdade. Quase passou da hora de tirar do
fogo!
Teresa gostava muito de filme de bangue-bangue. Perdia tempo escrevendo cartas
compridas para uma sua prima do interior mais interior que o dela. E tendo já uma
queda para o doce, ia matando menos índios, dando menos tiros, amansando os
gritos, aumentando os romances e suspiros, terminando por fazer do tal filme, um
melado. Mas agradava. A prima sempre respondia agradecida, dizendo que não
perderia de jeito nenhum o tal filme, quando passasse em sua cidade. Que nunca ia
ser: no interior do interior ninguém nem sabia o que era filme, que dirá cinema.
Isso quando era menina-moça. Depois o marido largou dela e teve de pelejar para criar
os sete filhos. Só. Com doce. O que ficava de menino com o nariz espetado na janela,
que nem pardal querendo roubar pão da mesa de gente, nem te conto. Um mundo!
Esqueceu dos filmes. E o doce? Levado em potes, para as casas com mais abastança.
Nem por isso parava de brotar, do seu coração, mais doce, mais e mais. Quem não tem
vocação para amarga, venha a onda que for — não arrasta. Nem salga.
Nesse meio tempo, teve de botar as cartas, letras, filmes e histórias de lado. Para
depois. Mas depois sempre vem. Os sete filhos, criados, foram cada um para um lado.
Nenhum puxou seu jeito doce, todos traziam o selo do pai: sério, preocupado com

cordel e xilogravura

Literatura de Cordel e Literatura Oral 





literatura de cordel - cultura popular do nordeste
Literatura de Cordel: folheto ilustrado com xilogravura
O que é e origem 
literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.
Chegada ao Brasil 
A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente naregião Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.
Um dos poetas da literatura de cordel que fez mais sucesso até hoje foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Acredita-se que ele tenha escrito mais de mil folhetos. Mais recentes, podemos citar os poetas José Alves Sobrinho, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva), Téo Azevedo. Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rosa, Gonçalo Ferreira da Silva, Chico Traíra, João de Cristo Rei e Ignácio da Catingueira.
Poética do cordel:
- Quadra: estrofe de quatro versos.
Literatura Oral 
Faz parte da literatura oral os mitos, lendas, contos e provérbios que são transmitidos oralmente de geração para geração. Geralmente, não se conhece os autores reais deste tipo de literatura e, acredita-se, que muitas destas estórias são modificadas com o passar do tempo. Muitas vezes, encontramos o mesmo conto ou lenda com características diferentes em regiões diferentes do Brasil. A literatura oral é considerada uma importante fonte de memória popular e revela o imaginário do tempo e espaço onde foi criada.

Literatura de Cordel e a Xilogravura
Xilogravura significa gravura em madeira. É uma antiga técnica, de origem chinesa, em que o artesão utiliza um pedaço de madeira para entalhar um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução. Em seguida, utiliza tinta para pintar a parte em relevo do desenho. Na fase final, é utilizado um tipo de prensa para exercer pressão e revelar a imagem no papel ou outro suporte. Um detalhe importante é que o desenho sai ao contrário do que foi talhado, o que exige um maior trabalho ao artesão.
Existem dois tipos de xilogravura: a xilogravura de fio e a xilografia de topo que se distinguem através da forma como se corta a árvore. Na xilogravura de fio (também conhecida como madeira à veia ou madeira deitada) a árvore é cortada no sentido do crescimento, longitudinal; na xilografia de topo (ou madeira em pé) a árvore é cortada no sentido transversal ao tronco.
A xilogravura é muito popular na região Nordeste do Brasil, onde estão os mais populares xilogravadores (ou xilógrafos) brasileiros. A xilogravura era frequentemente utilizada para ilustração de textos de literatura de cordel. Alguns cordelistas eram também xilogravadores, como por exemplo, o pernambucano J. Borges (José Francisco Borges).
A xilogravura também tem sido gravada em peças de azulejo, reproduzindo desenhos de menor dimensão. Esta é uma das técnicas que o artesão pernambucano Severino Borges, tem utilizado em seus trabalhos.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Situação de Aprendizagem sobre a crônica Pausa de Moacyr Scliar

Questões referentes à Crônica: Pausa de Moacyr Scliar .




Fazer uma leitura oral compartilhada, tendo como objetivo atingir os alunos com mais dificuldades de escrita e compreensão, fazendo inferências como:

  •       O que você acha que o título do texto quer dizer?

  •       Você sabe o significado do termo “Pausa”?


Narrativa de ficção: Moacyr Scliar / Pausa

"Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama,correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu ­se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
—Vai sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém­ feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O   conjunto era uma máscara escura.
— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido,secamente.
Ela olhou os sanduíches:
—Por que não vens almoçar?
— Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
—Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras.
Deteve­-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente.Bateu com as chaves do carro no balcão,acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs­-se de pé.
—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
—Estou com pressa,seu Raul!—atalhou Samuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. — Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante.
Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-­no com curiosidade:
—Aqui,meu bem!—uma gritou, e riu:um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave.
Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda­-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem,deu corda e colocou-­o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro,tirou o casaco e os sapatos,afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou­-se e fechou os olhos. Dormir.
Em pouco,dormia.Lá embaixo,a cidade começava a mover-­se: Os automóveis buzinando,os jornaleiros gritando,os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-­se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-­se e resmungava.
Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-­se na cama, os olhos
esbugalhados: o índio acabava de trespassá-­lo com a lança. Esvaindo-­se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois,silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, Correu para a bacia, lavou se, vestiu se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona,o gerente lia uma revista.
—Já vai,seu Isidoro?
— Já — disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
—Até domingo que vem,seu Isidoro — disse o gerente.
—Não sei se virei—respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
— O senhor diz isto, mas volta sempre — observou o homem, rindo. Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou
olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois,seguiu. Para casa."
SCLIAR, Moacyr.In:BOSI,Alfredo.

  •         O que esse termo significa no contexto desse texto lido?
  •        Você acha que o casal em questão tem um bom relacionamento? Por quê?
  •         Em sua opinião, por que o personagem saía de casa todos os domingos pela manhã e voltava só à noite?
  •       Por que, ao chegar ao hotel que costumava frequentar, ele usava outro nome?
  •       Descreva o ambiente do hotel.
  •       Faça a descrição psicológica do personagem, observando a influência do meio em que ele vive;
  •       Tipos de discurso presentes no texto;
  •       Biografia do autor;
  •        Intertextualidade: Ler o texto “Pausa”, de Mário Quintana e fazer uma comparação entre os dois, desde o título até as informações presentes nos mesmos;



PAUSA
Mário Quintana
   Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa.
   Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?
   Com algum ciclista tombado?
   Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?
   E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.
   E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Dom Quixote ou Sancho? – vive uma vida mais intensa e, portanto mais verdadeira…
   E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.
   Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
   E agora?
   Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti:
    “Io sonno um poeta o sonno um imbecile?”
   Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia…
   A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar por ele.
   E daí?
   – Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança –, o melhor é repor depressa os óculos no nariz.
A vaca e o hipogrifo. © by Elena Quintana. São Paulo, Globo.

  •          Vocabulário;
  •         Figuras de linguagem presentes no texto;
  •         Produção de texto: Em que situação de seu cotidiano você acha importante fazer uma pausa? Fale sobre isso. ( Alunos com maiores dificuldades poderão fazer a recontagem da texto em forma de quadrinhos)
  •         Curtir as músicas: Mas que preguiça boa (Chorão) e Vida boa (Vitor e Leo)



Céu Azul
Tão natural quanto a luz do dia
Mas que preguiça boa, me deixa aqui a toa
Hoje ninguém vai estragar meu dia
Só vou gastar energia pra beijar sua boca
Fica comigo então, não me abandona não
Alguém te perguntou como é que foi seu dia?
Uma palavra amiga, uma noticia boa
Isso faz falta no dia a dia
A gente nunca sabe quem são essas pessoas
Eu só queria te lembrar
Que aquele tempo eu não podia fazer mais por nós
Eu estava errado e você não tem que me perdoar
Mas também quero te mostrar
Que existe um lado bom nessa história
Tudo que ainda temos a compartilhar
E viver, e cantar
Não importa qual seja o dia
Vamos viver, vadiar
O que importa é nossa alegria
Vamos viver, e cantar
Não importa qual seja o dia
Vamos viver, vadiar
O que importa é nossa alegria
Tão natural quanto a luz do dia
Mas que preguiça boa, me deixa aqui a toa
Hoje ninguém vai estragar meu dia
Só vou gastar energia pra beijar sua boca
Eu só queria te lembrar
Que aquele tempo eu não podia fazer mais por nós
Eu estava errado e você não tem que me perdoar
Mas também quero te mostrar
Que existe um lado bom nessa história
Tudo que ainda temos a compartilhar
E viver, e cantar
Não importa qual seja o dia
Vamos viver, vadiar
O que importa é nossa alegria
Vamos viver, e cantar
Não importa qual seja o dia
Vamos viver, vadiar
O que importa é nossa alegria
Tão natural quanto a luz do dia


Vida Boa

Victor e Leo

Moro num lugar
Numa casinha inocente do sertão
De fogo baixo aceso no fogão, fogão à lenha ai ai
Tenho tudo aqui
Umas vaquinha leiteira, um burro bão
Uma baixada ribeira, um violão e umas galinha ai ai
Tenho no quintal uns pé de fruta e de flor
E no meu peito por amor, plantei alguém(plantei
Alguém)
Refrão
Que vida boa ô ô ô
Que vida boa
Sapo caiu na lagoa, sou eu no caminho do meu sertão
Vez e outra vou
Na venda do vilarejo pra comprar
Sal grosso, cravo e outras coisa que fartá, marvada
Pinga ai ia
Pego o meu burrão
Faço na estrada a poeira levantar
Qualquer tristeza que for não vai passar do mata-burro
Ai ia

Galopando vou
Depois da curva tem alguém
Que chamo sempre de meu bem, a me esperar (a me esperar)

domingo, 16 de junho de 2013

Situação de aprendizagem - Texto: "Pausa"

  Situação de aprendizagem contemplando a diversidade                         

Publico alvo: 9º ano
Aulas previstas: 06
Material: texto: “Pausa” Moacir Scliar – Filme “Se eu fosse você” – texto: “Pausa” Mário Quintana – Musica “Cotidiano” Chico Buarque.
Objetivos da leitura: Trabalhar as diversidades em sala de aula. Pausas para abordar intertextualidade. Enriquecimento do vocabulário. Sinais de pontuação. Sonoridade no texto (Pausa)
Organização dos alunos: Alunos agrupados em duplas (selecionados pelo professor-alunos com dificuldade auxiliada por alunos com menos dificuldade).
Conteúdos e temas: Reconhecer as características do gênero crônicas narrativa. Fazer o levantamento prévio sobre o assunto (cotidiano), relacionamento no casamento e no trabalho. Levantar hipóteses sobre cotidiano, fatores repetitivos no dia-a-dia, tudo á respeito do texto. Utilizar o registro da escrita de um parágrafo para melhor compreensão do texto.
Leitura compartilhada: Confirmação das expectativas criadas antes da leitura. Localização da ideia principal ou do tema. Esclarecimento de palavras desconhecidas a partir de inferências (consulta a dicionários). Identificação de palavras–chave para determinar conceitos. Leitura da narrativa com ênfase em produção de crônicas. Paragrafação e conceitos de denotação e conotação.
Estratégias: Trabalho direcionado a grupos produtivos (alunos monitores).Comparação de textos organizados com base na tipologia narrativa, análise de textos dos alunos sempre fazendo intervenções.
Recursos: Texto. Utilização da internet, sala de informática. Filme. Música.
Avaliação: Produção coletiva de crônica narrativa que retratem o cotidiano do aluno. Troca de impressões sobre o texto. Expressar experiências embasadas no conteúdo do filme que retrata o dia-a-dia de um casal que troca de identidade.
Intertextualidade: “O homem nu” – Fernando Sabino.
Diversidade: Os alunos devem ser estimulados á escrever o nome da história, o nome dos personagens, o começo e o final. Se ele não conseguir, professor deve escrever para ele e ler com ele. Oferecer livros, revistas, suplementos de jornais diversos e estimular os alunos a copiar listas de palavras ilustrando- as com desenhos ou recortes (registro que tenham significados para eles) Já os alunos com menos dificuldade devem assinalar os problemas e fazer comentários.
Jucilene Aparecida Conti

segunda-feira, 3 de junho de 2013

"COMPANHEIRAS DE CURSO, NÃO NOS AFASTEMOS MUITO, VAMOS DE MÃOS DADAS !"


"COMPANHEIRAS DE CURSO, NÃO NOS AFASTEMOS MUITO, VAMOS DE MÃOS DADAS !"

Carlos Drummond de Andrade : Mãos dadas)
Carlos Drummond de Andrade
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos,
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

PROVA OBJETIVA/ INDIVIDUAL. (Grupo 5/ turma 5)
Situação de Aprendizagem: No Aeroporto
Objetivo: Compreensão global do texto.
Com o texto em mãos, após leitura atenta, responda às perguntas corretamente, mostrando que entendeu o texto lido: (Obs: Cada questão tem valor 1, totalizando 10 pontos.)
1)      Quem é o personagem principal?
2)      Onde se passou a história?
3)      Descreva o personagem Pedro?
4)      O que Pedro costumava fazer com os objetos alheios?
5)       No 2º parágrafo podemos encontrar a descrição psicológica de Pedro.  Baseando-se nisso, descreva o comportamento dele:
6)      Segundo o narrador: “Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho...” Por quê?
7)      O foco narrativo está em:
  (     ) 1ª pessoa           (     ) 3ª pessoa   
Retire do texto um trecho que comprove sua resposta.
8)      Qual é o tema abordado no texto?
9)      Este texto pertence ao gênero:
(    )conto                             (    )fábula                                    (    )crônica
10)   Assinale a alternativa em que todos os itens pertencem a tipologia narrar:
a)      (    ) modo de fazer, ingredientes, tempo de preparo:
b)      (    ) estrofe, versos, personagem:
c)       (    )personagem, tempo, espaço.
OBS: OS ALUNOS COM DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA FARÃO A AVALIAÇÃO NA LINGUAGEM NÃO-VERBAL, DESENHANDO NA MESMA SEQUÊNCIA AS QUESTÕES PROPOSTAS, QUE SERÃO LIDAS PELO PROFESSOR.



terça-feira, 28 de maio de 2013

AVALIAÇÃO OBJETIVA GRUPO 6. No Aeroporto





 No Aeroporto

Carlos Drummond de Andrade


Extraído de: Cadeira de balanço. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1976, p. 61, 62.


 


Avaliação:
                                                 Prova objetiva / Dissertativa

Avaliar quanto o aluno aprendeu sobre os dados singulares e específicos do conteúdo.
Verificar a capacidade de analisar o problema central, formular ideias e redigi-las



1) A partir da leitura do texto é possível afirmar que o título é um indicador de que o aeroporto:
a) (  ) É o único espaço onde  acontece o enredo
b) (  ) Um dos espaços explorados  pelo narrador no enredo.
c) (  ) Não faz parte do enredo
d) (  )É o espaço exclusivo da imaginação do narrador

2) O enredo é apresentado por um narrador em 1 pessoa. Sobre esse narrador podemos afirmar que:
a) (  ) Apenas narra o que vê, sem participar dos fatos
b) (  )Imagina os fatos narrados sem tê-los vivenciado                                                                                                  c) (  )Participa dos fatos compartilhando-os com outros personagens
d) (  )Pedro é o narrador.

3) Assinale a alternativa que comprove que a narrativa está em 1 pessoa
a) (  ) “ gosta de óculos alheios”
b) (  ) “Devo dizer que Pedro como visitante, nos deu trabalho”
c) (  ) “ Sorria para os moradores”
d) (  ) “Acordaria cedo como de costume”

4) Ao longo do texto, o narrador vai construindo gradativamente a personagem Pedro. Mesmo assim no final o leitor é surpreendido.  Voltando ao texto é possível perceber vários indícios sobre a identidade do personagem. Aponte onde isso acontece.

5)Assim como há indicadores que poderiam levar o leitor a concluir que Pedro é apenas um bebê, há também estratégias construídas pelo narrador para desviar o foco do leitor para esta hipótese. Aponte no texto alguns desses momentos.

6) Das alternativas abaixo assinale a que revela não apenas uma característica da personagem de Pedro, mas também um julgamento do narrador:
a) “... Objetos que vissem em nossa mão requisitava”
b) “...Tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais”
c) “... Acordava sorrindo como de costume”
d) “...que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita sobre a razão íntima de seus    atos” 


Grupo 6

 Maria Lizzete
Carmem
Olga
Monica
Luciene
Heloisa