Turma: 06
Grupo: 04
Professoras: Adriana Chaves, Amanda Raquel de Menezes, Helena Aparecida de Jesus, Claudia R. G. Ferreira, Siomara, Natália.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM - NO AEROPORTO
Série: 7º ano
Tempo previsto: 4 aulas.
Gênero: Crônica Literária.
Objetivo: Compreender o Gênero “Crônica”.
Conteúdos e temas: "No Aeroporto" Carlos Drummond de Andrade.
Sugestões : som da turbina de avião (
para a leitura do texto “No Aeroporto”) para projetar as imagens do aeroporto, do
quadrimotor e a biografia de Carlos Drummond de Andrade.
O professor poderá relacionar o texto de Carlos Drummond com o Poema do Aeroporto (Samuel Quintans);
Música: “Cartão postal” (Rita Lee).
Imagens:
Recursos:notebook, data show, caixa de som, cabo p2p10,
Avaliação:
- Registros sobre a participação nas discussões.
- Produção de texto (crônica).
- Leitura do texto produzido pelos alunos e a sua reescrita devem ser considerados.
- Correção dos textos elaborados pelos educandos;
- Devolutiva dos acertos e erros apresentados nos textos.
1º
Passo:
Sondagem.
1. Vocês já conhecem um aeroporto?
2. Se não conhecem, como vocês imaginam que seja?
3. O que as pessoas fazem neste lugar?
4. Como vocês imaginam uma história cujo título se refere:
“No aeroporto”?
Obs: Ouvir
os alunos até que eles possam escrever e o acompanhamento questionador e investigativo
é fundamental. O exercício constante de propor questões e ajudar os alunos a
responder é uma das chaves da investigação.
2º Passo:
No Aeroporto
Carlos Drummond de Andrade
Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde
esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto
para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual.
Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-la a fundo. Embora
Pedro seja extremamente parco de palavras e, a bem dizer, não se digne
pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e
expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi
hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua
arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá
prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas
intenções para com o mundo ocidental e o oriental e em particular o nosso
trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse
sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Devo admitir que Pedro, como visitante, nos deu
trabalho: tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais,
sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso
compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade,
sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta
ou inoportuno. Suas horas de sono — e lhe apraz dormir não só à noite como
principalmente de dia — eram respeitadas como ritos sacros a ponto de não
ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume,
e não se zangaria com a gente, porém é que não nos perdoaríamos o corte de seus
sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para
violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à
tortura da TV. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no
escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objeto que visse em nossa mão, requisitava-o. Gosta
de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em
geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador;
gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se
há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume,
porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem
malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que tem olhos
azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada sobre a razão
íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia
distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer
parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais
me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de
irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia
que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa
amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de poesia e
jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta
que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De
repente o aeroporto ficou vazio.
Extraído de: Cadeira de balanço. Rio de Janeiro,
Livraria José Olympio Editora, 1976, p. 61, 62.
3º Passo:
Vocabulário
4º Passo
1.
Quem é o autor do texto e o que vocês sabem sobre ele?
2. A que gênero pertenceria esse texto?
3. Quem é Pedro?
4. Qual
o grau de parentesco do narrador com Pedro?
5. Aponte algumas características de Pedro e indique quais
chamam a atenção do narrador.
6. Observe as diferentes formas que o autor usou para
fazer referências à cor dos olhos do neto. Observe também que ele começa
falando dos olhos e termina por referir-se ao olhar. Que efeito de sentido tem esse
deslocamento na discriminação que o autor faz do neto?
7. Também há nessa crônica, pontos em que o autor diz as
coisas com certo humor. Identifique-os.
8. A viagem do neto faz o cronista pensar na vida. Que
sentimento ele
expressa no final do texto?
9. Em que momento da leitura você teve a certeza de que
Pedro é um bebê?
10. Quais as marcas linguísticas que permitiram perceber isso ao longo do
texto?
5º Passo:
Avaliação ( Produção de texto).
6º Passo:
Correção e devolutiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário